Uma noite andava pela rua, passava das 23 e não tinha pressa nenhuma em chegar em casa, estava escutando música e simplesmente ignorava tudo que acontecia a minha volta. Estava entrando em êxtase pois a música estava em estado ofensivo tendo o violino e o cravo como seus soldados de linha de frente atacando ferozmente o meu espírito e minha mente. Esqueci que estava na rua e fui caminhando com olhos fechados e cabeça nas nuvens. Não percebi o perigo que corria, simplesmente escutava aquele som que agora se acalmara e me acariciava com seus dedos de harmonia. Aquele afago então cessava para dar início a uma nova investida. "Ô mermão passa a carteira!". Só que essa investida era mais destruidora pois alternava em uma velocidade incrível entre os ataques e as carícias. Parecia que a música queria me avisar de alguma coisa e ao mesmo tempo me acalmava para o que fosse acontecer. Não sei bem ao certo. Sei que num momento o metrônomo começou a marcar o tempo com grande furor e os ataques da música se tornaram reais. Senti meu sangue escorrendo e sem saber o porquê cai com a cara virada para a calçada. O final da música foi lindo, o volume começou a diminuir, as caricías foram muito leves até que a música completamente cessou e meus olhos cerraram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário