segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Do tempo e as quatro estações

Meu chá esfriou em cima do meu criado mudo
enquanto estava perdido na floresta da minha janela

Minha barba está grande
Meu hálito horrível
Meus olhos grudentos
Meu corpo pútrido

Estou sentado com minha cabeça despencada em meus braços
Na completa escuridão

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Meus olhos estão afundados
Tentando entrar no meu corpo
Para achar

Não sei o que procuram

Sei que não conseguem

Há muito fugi da luz
Há muito que não sinto
Há muito que sequei meus rios

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Certo dia enquanto caminhava
Ouvi uma voz.
Era minha mãe
Procurei-a com o afinco que todos os filhos fazem
Chamei-a, mas não houve resposta

Então lembrei que há muito ela morreu

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Meus devaneios começaram aos meus seis anos
O que era real mostrou-se mentira
A ilusão se tornou verdade

Quando cerrava meus olhos
Gritos e chuvas inundavam meus ouvidos e meus olhos
Queria simplesmente esquecer, entrar em transe, fugir.

Por isso há muito desmaio

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Não danço
Não canto
Não rio
Não morro

Nada


2 comentários:

  1. Pq toda essa tristeza
    A gente tah aki piah
    N vamo dexa vc sem chora, ri, canta, grita, bebe ou vive
    Sempre aki vei

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  2. O.o, to indo la pegar um gilette, já volto
    HAHAHHA
    Muito bom, conseguiu passar muito o sentimento!
    Parabens!

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