terça-feira, 13 de abril de 2010

Um céu límpido

Com belo blues ao fundo me inebrio com o suave cantar da chuva
a chuva calma, a chuva que lava, a chuva que apaga

A linda ópera de gotas
O ato mais calmo da vida

A fumaça sai de minha boca na mesma lentidão de meus pensamentos
Gira, dança e espalha na mesma lentidão de meu coração

O céu totalmente quieto, em mais profundo pesar
Em mais profunda mágoa pela morte do sol, simplesmente deixa suas lágrimas escorrerem
para entrar num transe adormecido-acordado
Totalmente entorpecido por uma dor ilusória

Abro meus olhos, continuo sorrindo,
e olho para o chão de minha cozinha
está molhado.
Olho para meu quintal
já não chove

Descubro que aquela dor
entrou em meu coração e se tornou minha
Somente minha

Saio em direção ao meu jardim
levanto minha cabeça
Todas as estrelas estão cintilando
Não há mais nuvens encobrindo a luz refletida da existência suprema

Já não sei o que pensar

Entro em casa, sirvo chá para mim e minha consciência
Coloco a agulha no começo
A chuva volta
E eu volto a sorrir com os olhos fechados e cabeça levantada
Somente escutando o soluçar das estrelas

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