sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Samba

Aqueles olhos daquele corpo surrado
se levantaram quando viram um cavaco

Aquela postura tesa foi maleando
até aquela artrite antiga ser esquecida

os cabelos brancos quiseram se tornar negros
e aquela boca seca sussurrou alguma coisa

Levou a cerveja com muito sacrifício aos lábios
E tomou como se fosse a única

A roda se formou
e o samba tocou

Aquele coração cansado vibrou
as pernas tremeram
e a visão cessou

Somente o samba
samba
samba

Nada mais além da lágrima escorrendo no rosto

domingo, 28 de novembro de 2010

Cidade um dia maravilhosa

Para um sono tranquilo preciso de mãe e pai
cobertor e travesseiro

Para dormir com sorriso chocolate quente
banho tomado e cama macia

Para sonhar imagens bonitas
Arma na mão e colete no peito

sábado, 27 de novembro de 2010

Sonhos ignorados

Noite. Aquelas luzes novas que colocaram nos postes semana passada dão um toque retrô à iluminação das ruas. Vou andando por uma atrás de um hospital, de repente percebo que não há nenhum movimento num raio de uns 100m. Estranho, nem carro, nem moto, nem pessoa, nada. Quieto. Os carros estacionados começam a desaparecer. Continuo andando normalmente. Estranho, claro, mas não é minha preocupação. Viro a esquina e por aquela avenida sem fim tudo parou, os carros não se mexem nos sinais, somente o vento sussurra. Chego perto, a curiosidade é grande, e olho pelos vidros, ninguém. Nenhuma pessoa dentro do carro, mesmo assim suas luzes acesas, iluminando o caminho talvez de uma penada, não sei, talvez nem existam essas coisas. Continuo para a minha casa. Ando, olho para as janelas dos prédios e nada, todas apagadas, "será que é um daqueles encontros de arrebatamento e não fiquei sabendo?" Procurei algum outdoor que pudesse me dizer o que acontecia e encontrei um que falava de "encontros cristãos no dia 24 de outubro", olho para o relógio: são 22:00 do dia 18 de novembro. Fiquei sem saber. Chegando perto da rua de minha casa sinto um cheiro delicioso, de gordura fritando um hamburguer com frango e bacon, tava sem comer desde as 13:00. Na esquina vejo movimento intenso de pessoas fazendo seus pedidos e outros se deliciando com sanduíches naquele trailer, os carros passam, as motos costuram e as pessoas falam. Finalmente chego em casa, esqueço a fome e vou durmir, "tamos no fim do mês".

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Noite e bar

Aquele sorriso que é costurado o dia inteiro
Desfeito a noite dolorosamente

Os olhos atenciosos
se tornam parados

O corpo cai
O cansaço vence

A não ser que:
"Vamos tomar uma béra?!"

Então o costureiro volta
Os olhos acordam
E o corpo corre

domingo, 14 de novembro de 2010

Falei que ia contar sobre uma cidade. Cidade bonita e grande. Lembro de minha infância quando tinha que passar uns dias para rever uns tios, irmãos de meu pai, eu sempre pedia que passássemos na rua dos chorões, como eu a chamava. Lá têm alguns poucos salgueiros-chorões durante uns quatro ou cinco quarteirões, mas lembro que me imaginava em uma floresta cheia deles na qual eu ficava num descampado sentado somente observando aquelas árvores que me emudeciam. Nessa rua parece que todo o calor dos dias de semana onde os carros buzinam, as pernas correm e as bocas gritam, se dissipa na tarde de domingo levando há um ápice de calmaria que atinge a melancolia. Melancolia que produz uma cantiga de ninar um tanto quanto triste em que meus olhos se molham mas não cai nada. Ainda gosto muito de passar por lá, apesar de ter sido uma rotina durante um ano extremamente cansativo da minha vida. Nesse ano sempre que ia dormir em meu apartamento eu deitava com minha cabeça voltada para janela abria a cortina e olhava aquele céu claro, sem estrelas. Aquele movimento, aquele conglomerado de pessoas que moravam também naquela região faziam diminuir minha solidão, mas a falta que as estrelas me faziam depois de muito olhar para o céu, só era suprida no momento em que fechava meus olhos e entrava em transe pelos sonhos que tinha. Cidade de céu cinzento. Estranhava seus dias com céu azul, não era próprio dela. Aquele céu cinza trazia o mesmo sentimento que o da rua no domingo. Sentimento que cultivei, responsável por me trazer paz em momentos conturbados. Uma cidade de vida própria. Curitiba.

sábado, 6 de novembro de 2010

Conservação

De coração vazio todos têm nem que um pouco. Às vezes percebo minha solidão imensa quando olho para minha casa e só vejo gatos. Companheiros. Desço a escada, abro a geladeira só para dar um sentido a caminhada. Sento na cadeira e fico olhando o chão um pouco sujo. Olho em volta e caminho em direção ao meu quintal. Olho para o mato que tenho que cortar, meu gato aparece na minha frente bem nas minhas pernas e mia. Agrado um pouco e ele começa a ronronar. Sento no chão ainda agradando ele e olho para o nada, às vezes olho pro céu. Uma noite sem estrelas me traz medo. Continuo ali sentado até sentir frio e com fome. A neblina começou a ficar forte. Entro em minha casa e mais uma vez abro a geladeira. Não pego nada. Encho um copo d'água e subo para o meu quarto. Meu outro gato mia. Chamo-o para deitar comigo na cama de solteiro. Às vezes ele recusa e fica se lambendo. Fecho a porta do meu quarto e desligo a luz. Fica escuro. Abro a cortina para olhar o céu e só vejo aquele vapor gelado. Viro para um lado e para outro até que termine a noite. Tomo meu banho e desço as escadas em direção a minha cozinha. A água do chá ferve. Vou mais uma vez para fora e escuto aquele som da chuva caindo com aquela cor cinza deveras devoluta. Olho para meu relógio e vejo os ponteiros mexerem, não fazem tic-tac. Coloco uma música mas deixo seu volume baixo, não há necessidade de aumentá-lo. A chuva aumenta e caio em mim ao ver que já passaram das 19:30. O alarme do vizinho toca e não para, toca durante vários minutos, minha distração. Desço a escada, abro a geladeira mas não pego nada. A chuva diminuiu e só tem a garoa caindo. Pego meu copo com água e fico descalço no meu quintal. Olho para cima e mais uma vez uma noite sem estrelas, me arrepio. Meu estômago geme. Acho que esses lapsos são só criação da minha mente. Em todo o caso abro a geladeira, mas demoro tempo maior nessa ocasião. O que será que procuro com isso? Deve ser meu coração que não sinto bater faz muito tempo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Uma das facetas daquele sentimento

Sabe quando aquela dor aparece e não quer sumir?
Sabe quando você percebe sair do seu corpo por um instante?
Sabe quando o pulmão se enche e o pensamento desaparece?
Sabe quando o olhar fica vago sem nenhum norte?

Um sentimento um tanto sórdido e sagaz
Muitas vezes inebriante

Dor, deveria ser uma de suas derivações

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inevitável

O coração aperta, a cabeça sua
Olho partir, não digo nada
Cada passo é um batimento forte que se apaga
Queria chorar, mas não posso
Queria correr, mas não consigo

Quando vejo acontecer fico quieto, é melhor
Não sei se pra mim, se pra Deus
É melhor

Viro as costas e ando
Ando como se fosse normal
como se quisesse aquilo

Vai, entra no ônibus, carro...
Acredito que também não olha
como se quisesse aquilo

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Céu (ou do extravasamento controlado)

Olhos quentes e vazios
Fundos e sem margens
lacrimosos e fechados

domingo, 24 de outubro de 2010

Lonely

olhos cansados, vermelhos
cheios

"Lonely eyes, lonely face..."

Toca o celular
'-Tudo bem?'
Tudo

Olho para livros
Televisões
Matérias

Não achei correspondência

Aquela lágrima presa no cílio
Sabe que não adianta cair
não terá chão
volta

o coração diminui
a respiração fica muda
e o sono vem

ela voltou para conseguir me cegar

tudo desfocado

Que preciso?
Dois ouvidos
Dois braços
Uma boca

Estático,
Subitamente percebo quatro paredes
não sei se me prendem
se me protegem

Olhos vazios
Olhos sem brilhos

Nada

"I still love you, I still love you lonely, lonely..."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Once upon a time

There was a time
when my eyes were closed that I listened the blues
and a tear ran in my face

There was a time
when my tea was about to be prepared
and I just aspired the weeds forgetting about the water

There was a time
that I danced in my house
and nothing else matter any more

There was a time
that I sang some sad song
and my memories were taken off me

There was a time
That the time had ended

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cai chuva
e mesmo assim pássaros cantam
não me ensinaram o que é isso

sábado, 16 de outubro de 2010

Minha vida

Simplesmente não sei o que dizer sobre as coisas da vida, eu sei que eu não gostaria de morrer sentado com a boca escancarada cheia de dentes. Não tenho o que falar sobre um caminho a seguir nem qual é o melhor chá para se comprar no mercado e escutar uma música. Queria poder dormir nas ruas sem medo de desaparecer de mim mesmo, sempre quando ando de madrugada pela cidade e vejo tudo vazio e quieto e as estrelas cintilando, eu me sinto dentro de minha casa. Sei que não gostaria de estar apático. Sei que gostaria de correr por todas as cidades desse mundo e nunca me cansar de conhecer pessoas. Gostaria de não enjoar das pessoas. Gostaria de não enjoar as pessoas. Gostaria de tomar chuva sem medo de ficar doente e preocupar minha mãe. Gostaria de me entorpecer sem medo de minhas reações. As únicas coisas que sei discorrer são sobre minhas vontades. Gostaria de chorar sem ninguém escutar e me aliviar com isso. Minha cabeça dói, não sei se pela ressaca ou se pelo medo. Tenho muitos medos. Dizem que me torno humano assim. O que eu não sabia é que eu não era humano antes. Não consigo extravasar meus sentimentos para as pessoas que eu amo, eu as vezes me canso delas. Não queria que elas se afastassem, queria corrigir algumas deformidades na minha alma. Me sinto morto. Adoro ver sorrisos, adoro sentir pessoas felizes dizendo "Acabou!", adoro amar meus amigos e minha família. Acho que o sentir morto é só uma maneira de eu fazer com que alguém perceba isso e venha me acariciar. Auto-piedade, sinto em mim e nos outros. Sentir morto é um drama para dizer que alguma coisa está errada quando não está. Me sinto vivo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um conto de um amigo

Sem ódio nem amor
Nem raiva nem carinho

Você deixou escorrer seu ouro liquefeito sobre meus olhos

Não escutou meu desespero

Apenas me acariciou
E me recompensou

Me calei

Você é minha dama
Sua luz é maravilhosa

Mas porque os outros não te enxergam dessa maneira?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Porta aberta, vamos entrando

Como é bom sentar ao sol
sentindo aquele calor que passa

Sempre lembro de meus momentos "fotossintetizantes"
quando saia daquele turbilhão de informação
e pressão
e angústia
e pressa
Eram gostosos,
sentindo aquele calor que passa

Podia respirar
olhar pro céu
Interiorizar
Até que alguém ou algo
Me tirasse de minha letargia

Era bom

Lembro também de quando sentava na praça
E simplesmente recebia aquela luz boa de se cegar
Fechava os olhos
Jogava o corpo para trás
e esquecia

É bom

Quando sento no quintal de minha casa
e vejo as nuvens marchando e dançando
Sob aquele manto

Mas gosto mais quando tenho companhia pra sentar ao meu lado
e apreciar o silêncio
esquecendo a agitação que vivemos

O abrir da consciência

É. É isso que é bom.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Do tempo e as quatro estações

Meu chá esfriou em cima do meu criado mudo
enquanto estava perdido na floresta da minha janela

Minha barba está grande
Meu hálito horrível
Meus olhos grudentos
Meu corpo pútrido

Estou sentado com minha cabeça despencada em meus braços
Na completa escuridão

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Meus olhos estão afundados
Tentando entrar no meu corpo
Para achar

Não sei o que procuram

Sei que não conseguem

Há muito fugi da luz
Há muito que não sinto
Há muito que sequei meus rios

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Certo dia enquanto caminhava
Ouvi uma voz.
Era minha mãe
Procurei-a com o afinco que todos os filhos fazem
Chamei-a, mas não houve resposta

Então lembrei que há muito ela morreu

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Meus devaneios começaram aos meus seis anos
O que era real mostrou-se mentira
A ilusão se tornou verdade

Quando cerrava meus olhos
Gritos e chuvas inundavam meus ouvidos e meus olhos
Queria simplesmente esquecer, entrar em transe, fugir.

Por isso há muito desmaio

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Não danço
Não canto
Não rio
Não morro

Nada


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O que os olhos vêem
as vezes é a ilusão daquilo que deveria ser

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O céu negro dói meu coração

Racha meus sentimentos

desgraça minha cabeça

Destrói meu corpo


Quero odiar seu olhar

seu corpo

sua alma


Meu olhar pras estrelas sumiu


Até minhas estrelas


Tenho que limpar minhas roupas

Vestir meus calçados

Sair para a vida


Preso a um coração vazio eu estou


Me deixe sentir minhas estrelas

olhar minhas estrelas

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Coisas da vida

Aquele corpo, que coisa mais maravilhosa. Estava eu perdido numa cidade um tanto quanto estranha pensando no que eu poderia fazer nas próximas horas. Enquanto estava sentado na praça apreciando a natureza e as pessoas (mulheres) que passavam, senta um pouco a minha frente a deusa dos meus devaneios luxuriosos. Que frase de punheteiro, mas sim era uma gostosa. Não digo uma gostosa filha da puta, pois tenho que ter respeito para com os pais dessa bela criatura, afinal eles merecem congratulações por ter embelezado o mundo de tal forma. A mulher que ali estava era morena de cabelos longos, usava óculos, os quais a deixavam ainda mais sexy (cara de secretária de filme pornô), tinha seus lábios na dose certa (Ah se me dessem uma garrafa de um bom whisky e essa morena, eu com certeza morreria no melhor dos céus), estava com uma minissaia que deixavam a mostra as suas belas pernas. Tem um amigo meu que gosta de pernas tanto quanto qualquer outro homem, mas prefere as panturrilhas. Tenho certeza que ele iria se apaixonar por aquelas belas pernas, pernas torneadas com coxas não muito grossas mas longe de serem finas e, para a felicidade do meu amigo, com magníficas panturrilhas. Sua cintura era fina, aquelas que você consegue colocar as mãos e segurar firme na hora certa, com uma bunda redondíssima, não muito grande, para a tristeza de alguns, mas no tamanho em que também as mãos iriam apreciar bastante. Uma coisa que agora me arrependo de não ter prestado atenção foram seus peitos, tenho uma boa desculpa, aquelas pernas me hipnotizaram e me fizeram esquecer algumas outras coisas. Estava com uma camisa meio social e aqueles cintos estranhos enormes que as mulheres resolveram usar. Enfim, ela estava de deixar qualquer um babando pelo seu corpo delicioso. Ela levantou do banco e eu fui atrás, segui-a durante alguns momentos já que tinha achado algum afazer. Graças ao bom Deus essa cidade é cheia de subidas, pude acompanhar os movimentos das suas pernas e ainda ficar naquela esperança de conseguir ver alguma coisa. Se você mulher está achando que sou um tarado você não vive nesse mundo, nós homens sempre ficamos na esperança de ver alguma coisa principalmente quando uma mulher está de minissaia ou decote, no meu caso a minissaia. Pra meu deleite centesimal a saia levantou, mas fiquei um tanto quanto triste quando vi o resultado, ela estava usando um shortinho cinza que cobria as partes mais belas de seu corpo. Conformado, segui meu caminho para qualquer lugar que me aprouvesse e acalmasse aquele turbilhão de sentimentos. Só digo que nunca esquecerei suas curvas e principalmente suas pernas, morena gostosa.

domingo, 5 de setembro de 2010

Dor (ou do vazio indefinido)

Meus raios de luz foram sugados
Estão no vazio

No nada

Já pensou no que é o nada?
Já conseguiu conceber alguma definição?
Algum sentimento?
É horrível pensar que minha luz tenha ido pra tal lugar
Um lugar que nem meus devaneios conseguem chegar

Destruido
Mutilado
Estraçalhado

O céu negro
O meu significado de calmaria
A minha ideologia da transcendência
Está truncado

Destruido
Mutilado
Estraçalhado

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vontades

Já não tenho minhas antigas vontades
Não sei em que parte da semana perdi elas

Um gole de cerveja não é o mesmo
Uma sessão de narguilé não me alegra

Quando tomo a minha cerveja ela desce como uma estranha

será que esqueceu o tempo que passamos juntos?
será que esqueceu o amor que sentimos?

Estou ficando com medo
Percebi que tudo muda

Até a vontade de beber

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"E o amor não é uma marcha da vitória
É um frio e sofrido Aleluia"
Leonard Cohen

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre rios

A poesia tem que vir do coração
do sentimento
Nascer nas dores, nos amores
Alegrias e tristezas

O grande rio da poesia
Tem vários afluentes
Ou só um

Tristeza liberta um líquido negro espesso e fétido
Alegria um líquido, um líquido...

Quem não quer não vê
é isso que eu sei


Tanto as fétidas e as invisíveis são poesias maravilhosas
As duas trazem o nosso eu para dentro do texto
é uma exposição de chaga ou cura

Duas coisas belíssimas
Duas coisas que nos tornam humanos

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Espere um pouco, deixe-me dar a última"

Deixe-me esquecer
Deixe-me acalmar

(inspira)

Toda essa fumaça que enche meus pulmões

(expira)

No ápice de meu nervosismo é uma tragada que melhora
Uma compulsão ao levar de novo à boca
De sentir novamente um momento de esquecimento
De sentir novamente o livre pensar do não-pensar

Uma tragada

(inspira)

Que me deixa fugir ao fundo do oceano
Esquecer olhares
Esquecer pensamentos
Esquecer pessoas

(expira)

Eu e meu cigarro
Amizade curta
de calmaria intensa
e compulsão tremenda

Uma tragada

(inspira)

Amor verdadeiro

Ah que delícia!
Seu corpo suado
Sua boca molhada
Seu amor anuviado

Me enlouquece, entorpece
Faz todo possível comigo

Me desgraça, enlaça
Ficar longe de você não consigo

Quando encosto em você
já começo a tremer
o coração começa a desritmar
A cabeça a afundar

Te amo e te odeio
Me faz esquecer do mundo
do céu
do mar
das estrelas

Tudo esvaece

Ah! Como te amo,
minha adorável cerveja

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Está chovendo

Estou chorando
Não sei porque
não sei qual dor
não sei qual amor

Estou chorando
Brotaram as lágrimas em meus olhos
ficaram ali

Estou chorando
minha barriga revira
meu coração arritmia

Estou chorando
Por dor triste
Dor desalento
Dor solidão

Estou chorando
Sem ombro

Estou chorando
não mais cantando
Já nem lembro de recolher minhas roupas.
Já nem lembro de engraxar meus sapatos
trocar minhas meias

Esqueci

Passou passou

Aconteceu só um tic-tac e tudo mudou

Já nem lembro de tomar meu café
Já nem lembro de comer minha maçã
fritar meu ovo

Vivi

Passou passou

Aconteceu só um tic-tac e tudo mudou

Já nem lembro de usar minhas gravatas
Já nem lembro de escovar meus dentes
Vestir meu amor

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Medicina

Criações
Invenções
Esplêndidas técnicas

Novos métodos
com
intuito de
Alcançar o conhecimento maior

Nunca esquecendo do motivo para alcançar esse conhecimento

Alcançar o ser humano o
real, aquele que vive, aquele que sente, aquele que ama, aquele que sonha
Transpor barreiras, respeitar diferenças, ajudar ao máximo
experimentar a recompensa do agradecimento maior

Agradecimento por fazer um trabalho
o trabalho de ajudar
o trabalho de ser Médico

A falta de amor

Conversando com minha consciência
"Ah o amor! Que falta ele não me faz!
Tenho a lembrança nítida nos olhos da memória
Era um apaixonado, avoado, desastrado
Pensava em possibilidades,
Em contos magníficos de realidades puríssimas e belíssimas
Qualquer que vislumbrasse tais imagens iria ficar totalmente atônito
e boquiaberto, afinal como ficamos quando passa uma formosura pela nossa frente?
É meus caros era desse jeito que meu amor alcançado pareceria

Mas agora meus olhos andam turvos
Não consigo distinguir nem sequer cores
Não chega nem a doer
Não sinto a necessidade por um sentimento platônico,
Sejamos sinceros quem é que gosta somente da imaginação?
É claro que é maravilhosa, é claro que é perfeita
Mas não acontece
Não aqui
Não no mundo em que vivo
Não no mundo em que todos vivem

Uma felicidade unica não pode ser chamada de felicidade plena,
Ah sim, esqueci do egoísmo.
É verdade, existe a possibilidade da felicidade perfeita.

Voltemos ao ponto que comecei
A unica coisa que vejo agora é dor
A simples e profunda dor
Sentimento que corrói chegando ao âmago do ser
capaz de obscurecer estrelas que um dia brilharam vivamente
Dor, dor, dor
Substituiu aquele "grande" amor

Na verdade desde sempre a dor andou com meu amor"

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pra você Mayke

Já tô cansado
vou dar um trago
pra dormir noiado
e acordar lezado

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O mar

Vou mergulhando
Cada vez mais me afogo
Engulo muita água
me inebrio
Não penso mais

Cada vez mais chego ao fundo
Um fundo de muita calmaria em meio a redemoinhos
Deixo afogar

Afogar cabeça
Afogar corpo
Afogar alma

Afogar simples problemas

As vezes abro os olhos para ter certeza que ainda estou afundando
Mas estranhamente me encontro em terra firme e com pessoas tentando me reanimar

Mas quando fecho os olhos...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Aniversário

resumo dele:

Mais um dia inútil
Com ensinamentos reais
e Alegrias passageiras

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um dia me falaram:
"Eu acredito em você, mas você ainda vai acreditar?"
Não soube responder.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Infância eterna

Realmente sou criança

Sou criança por aprender hoje que algumas pessoas fazem muita falta
Sou criança por não conseguir resolver a maioria dos meus problemas sozinho

Sou criança por querer que todas as pessoas que amo estejam por perto
Sou criança por sempre querer um abraço caloroso

Sou criança por querer sempre um beijo de minha mãe
Sou criança por querer sempre um tapinha no ombro do meu pai

Sou uma criança que quer crescer
mas não envelhecer

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Enlouquecendo

Destruir
Grande piada
GRANDE MERDA!
ME DIZ, PRA QUE ISSO?
PORQUE ESSA FILHADAPUTAGEM DE DESTRUIÇÃO?
SÓ PRA QUE ALGUÉM POSSA CHORAR PELA SUA PERDA? HEIN?! ME DIZ!
FALA LOGO! ABRA ESSA BOCA FILHA DA PUTA!

Continue assim,
Um dia teu coração vai doer e eu vou rir
Dar gargalhadas do teu sofrimento e cuspir na tua cara
ENQUANTO TE LEMBRO DA DOR QUE VOCÊ CAUSOU EM TODAS ESSAS PESSOAS
VOU ME REGOZIJAR NESSA TUA DOR E QUANDO VOCÊ PEDIR PRA PARAR EU VOU RIR HISTERICAMENTE

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

"A QUE DELÍCIA ESSE SOFRIMENTO!"
NÃO É ISSO QUE VOCÊ TÁ FALANDO AGORA?
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
EU VOU RIR MUITO QUANDO ACONTECER COM VOCÊ

Mas uma coisa te digo vou me sentir pior que merda e mais vazio que a escuridão.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

RangrVA

Existem pessoas que adoram britadeiras
e esfarelar concretos
Odeio essas pessoas

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Melodia avoada

Uma noite andava pela rua, passava das 23 e não tinha pressa nenhuma em chegar em casa, estava escutando música e simplesmente ignorava tudo que acontecia a minha volta. Estava entrando em êxtase pois a música estava em estado ofensivo tendo o violino e o cravo como seus soldados de linha de frente atacando ferozmente o meu espírito e minha mente. Esqueci que estava na rua e fui caminhando com olhos fechados e cabeça nas nuvens. Não percebi o perigo que corria, simplesmente escutava aquele som que agora se acalmara e me acariciava com seus dedos de harmonia. Aquele afago então cessava para dar início a uma nova investida. "Ô mermão passa a carteira!". Só que essa investida era mais destruidora pois alternava em uma velocidade incrível entre os ataques e as carícias. Parecia que a música queria me avisar de alguma coisa e ao mesmo tempo me acalmava para o que fosse acontecer. Não sei bem ao certo. Sei que num momento o metrônomo começou a marcar o tempo com grande furor e os ataques da música se tornaram reais. Senti meu sangue escorrendo e sem saber o porquê cai com a cara virada para a calçada. O final da música foi lindo, o volume começou a diminuir, as caricías foram muito leves até que a música completamente cessou e meus olhos cerraram.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Lenha

Numa noite fria, muito fria
Resolvi acender uma fogueira,
A idéia simplesmente brotou na minha cabeça
E assim acendi, ou devo dizer acendemos?
Afinal foi com mais um grande amigo que realizei essa tarefa, diria sonho

Sonho sim, estava fora do meu corpo enquanto contemplava o estalido da madeira enquanto em brasa
As chamas me chamavam para um outro mundo, fora deste de frio e sem sentimentos
Para um mundo de amor e afetividade
Mas ao mesmo tempo o estalido me trazia de volta para esse mundo
E assim alternava constantemente.

Até acabar o fogo

Fiquei parado, sem saber o que falar, o que fazer,
Atordoado por me ver de novo na noite fria e sem sentido
Sem saber com qual perna levantar e para onde me direcionar

Não sei mais o que aconteceu

Se foi sonho ou realidade
Sei que sigo de novo a minha vida com um pouco de alegria

E com certeza eu digo, o fogo é combustível para muita euforia

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estrelado

Ah estrelas, estrelas.
Confidentes de tudo que ocorre na noite
Criadoras das mais belas figuras
Afagadoras das mais profundas tristezas
Minhas cúmplices fiéis

Sempre dispostas a guiarem meu caminho quando já nem consigo andar
Nunca repreendendo minha adoração excessiva pelo álcool
E sempre enchendo os vazios inabitados que corroem a minha alma

Como queria poder beber só uma lata de cerveja,
saborear uma dose de whisky
ou tragar um martelo de cachaça com vocês.

Ah estrelas, estrelas.
Vocês completam minha vida, mesmo nesse ar gélido vocês nunca me abandonam
Como queria pelo menos morrer ao lado de vocês.

Ah estrelas, estrelas.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um céu límpido

Com belo blues ao fundo me inebrio com o suave cantar da chuva
a chuva calma, a chuva que lava, a chuva que apaga

A linda ópera de gotas
O ato mais calmo da vida

A fumaça sai de minha boca na mesma lentidão de meus pensamentos
Gira, dança e espalha na mesma lentidão de meu coração

O céu totalmente quieto, em mais profundo pesar
Em mais profunda mágoa pela morte do sol, simplesmente deixa suas lágrimas escorrerem
para entrar num transe adormecido-acordado
Totalmente entorpecido por uma dor ilusória

Abro meus olhos, continuo sorrindo,
e olho para o chão de minha cozinha
está molhado.
Olho para meu quintal
já não chove

Descubro que aquela dor
entrou em meu coração e se tornou minha
Somente minha

Saio em direção ao meu jardim
levanto minha cabeça
Todas as estrelas estão cintilando
Não há mais nuvens encobrindo a luz refletida da existência suprema

Já não sei o que pensar

Entro em casa, sirvo chá para mim e minha consciência
Coloco a agulha no começo
A chuva volta
E eu volto a sorrir com os olhos fechados e cabeça levantada
Somente escutando o soluçar das estrelas

terça-feira, 6 de abril de 2010

Praia alegre

Com todos os seus cantos, seus gritos
seus desvarios ou sua loucuras sem limites
Nos afoga com seu mar entorpecente

Sua brisa escaldante
sua areia brilhante
Suas nuvens dançantes
suas palmeiras ludibriantes
Seus peixes fusiforme

O Sol viajante nos leva para beiras nunca antes vistas
A Lua canta o olodum das estrelas
Na completa alegria tudo se junta na mais perfeita ordem caótica

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Derradeiro desespero

Finalmente o fundo
Termino meu mergulho
Cheguei ao lugar em que nada mais me atormenta a calmaria do silêncio
A mansidão da escuridão
A total solidão

Chega N ã o
o
N ã o
o
NÃO!!!!!!!!!!!!!!

NÃO! CADE? ONDE ESTÁ?
POR QUE NÃO ESTOU FELIZ????
POR QUE MESMO LONGE NÃO ALCANÇO O QUE ALMEJO?
O QUE QUER DE MIM?
POR QUE NÃO POSSO TER PAZ???

ONDE FICA MINHA PAZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Por que no lugar onde nem meus gritos posso ouvir eu não consigo o silêncio que busco?
Onde terei que ir para finalmente esquecer?
Esquecer tudo que vivi e que sempre gritam em meu ouvido
Por que aqui onde nem minha voz ecoa esse grito rasga meu peito?
O QUE SERÁ PRECISO QUE EU FAÇA PARA ESQUECER!!!!!!!????

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um velho guarda-roupa

Com tanta tristeza, com tanto carinho
Já não me sinto sozinho

Me sinto empenhado a seguir em frente
com sorriso sincero guardado no bolso do fundo de meu paletó rasgado
Eu sempre me alegro

O abismo eterno já parece distante
com minha camisa de manga caminho ofegante

Meus sapatos já rotos lembram tudo que fiz
Todo caminho atribulado e os buracos da minha estrada

Com minhas calças ainda novas
sei de muitos problemas que enfrentarei
de muitos horrores que vivenciarei
Mas com meu chapéu já em trapos
sei que tudo dará certo

A lembrança de minha gravata é que me leva seguir em frente

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Desculpa

vou ser sincero

estou bêbado e tu? Continuas a viver tua vida?

continuas a ser feliz?

matarás o gato? Serás feliz com isso?
Pois não! Que será isso se não viver? Todo pulmão de ira forte e pronto para mostrar mais e mais festa! Muitos kilos de corda caíram sobre o penhasco do mundo que sonhou até amanhã

do mundo que desapareceu
de tudo que se pareceu diante de meus olhos
diante de meus olhos de tudo que desapareceu
de tudo que me viu perder
tudo aquilo que sinto tão vivo
está tão longe
tão longe de meus sonhos
que
continue
continue tantas viagens, tantas piras quero viver
QUERO VIVER
QUERO VIVER PORRA!!!!!!!!!!!!
Não se esqueçam disso,
quero sobreviver
quero viver
quero finalmente viver feliz

SAI DAÍ FILHA DA PUTA
me deixe viver, esquece o que aconteceu
me deixe viver
quero acontecer, quero viver...

Não se esqueçam! Quero escutar meu jazz, quero escutar meu blues vivendo pelas veias de alguém, sei que deveria ter escoado
Sei que queria pulsar, sei que queria viver
foda-se o tocar
Queria é Viver

Toca... Toca...
Continue tocando todos seus acordes, todos seus harmônicos
Vamos com nossos acordes
Aqui estão

(ps. Achei esse "poema" perdido por ai e talvez tenha recebido ajuda de outra pessoa pra escrevê-lo)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Uma simples noite estrelada

Lembro de uma noite calma na praia
o céu como nunca é visto dentro da cidade
as estrelas cintilavam por todo o céu,
pareciam conversar entre elas
e cada vez uma brilhava mais e se apagava
por algum motivo divino algumas voltavam a brilhar
tudo aquilo explodia no meu interior
toda aquela explosão de luz e silêncio reverberava em todo o meu corpo
me sentia totalmente exaltado mas aquilo me acalmava
sem nenhum grito sem nenhuma pressa
o simples conversar era muito bonito
noites estreladas
noites refrescantes
aquela noite faz parte de uma dessas
do fundo do coração eu explodia junto com cada brilho das estrelas
e renascia
uma bonita noite