domingo, 28 de novembro de 2010

Cidade um dia maravilhosa

Para um sono tranquilo preciso de mãe e pai
cobertor e travesseiro

Para dormir com sorriso chocolate quente
banho tomado e cama macia

Para sonhar imagens bonitas
Arma na mão e colete no peito

sábado, 27 de novembro de 2010

Sonhos ignorados

Noite. Aquelas luzes novas que colocaram nos postes semana passada dão um toque retrô à iluminação das ruas. Vou andando por uma atrás de um hospital, de repente percebo que não há nenhum movimento num raio de uns 100m. Estranho, nem carro, nem moto, nem pessoa, nada. Quieto. Os carros estacionados começam a desaparecer. Continuo andando normalmente. Estranho, claro, mas não é minha preocupação. Viro a esquina e por aquela avenida sem fim tudo parou, os carros não se mexem nos sinais, somente o vento sussurra. Chego perto, a curiosidade é grande, e olho pelos vidros, ninguém. Nenhuma pessoa dentro do carro, mesmo assim suas luzes acesas, iluminando o caminho talvez de uma penada, não sei, talvez nem existam essas coisas. Continuo para a minha casa. Ando, olho para as janelas dos prédios e nada, todas apagadas, "será que é um daqueles encontros de arrebatamento e não fiquei sabendo?" Procurei algum outdoor que pudesse me dizer o que acontecia e encontrei um que falava de "encontros cristãos no dia 24 de outubro", olho para o relógio: são 22:00 do dia 18 de novembro. Fiquei sem saber. Chegando perto da rua de minha casa sinto um cheiro delicioso, de gordura fritando um hamburguer com frango e bacon, tava sem comer desde as 13:00. Na esquina vejo movimento intenso de pessoas fazendo seus pedidos e outros se deliciando com sanduíches naquele trailer, os carros passam, as motos costuram e as pessoas falam. Finalmente chego em casa, esqueço a fome e vou durmir, "tamos no fim do mês".

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Noite e bar

Aquele sorriso que é costurado o dia inteiro
Desfeito a noite dolorosamente

Os olhos atenciosos
se tornam parados

O corpo cai
O cansaço vence

A não ser que:
"Vamos tomar uma béra?!"

Então o costureiro volta
Os olhos acordam
E o corpo corre

domingo, 14 de novembro de 2010

Falei que ia contar sobre uma cidade. Cidade bonita e grande. Lembro de minha infância quando tinha que passar uns dias para rever uns tios, irmãos de meu pai, eu sempre pedia que passássemos na rua dos chorões, como eu a chamava. Lá têm alguns poucos salgueiros-chorões durante uns quatro ou cinco quarteirões, mas lembro que me imaginava em uma floresta cheia deles na qual eu ficava num descampado sentado somente observando aquelas árvores que me emudeciam. Nessa rua parece que todo o calor dos dias de semana onde os carros buzinam, as pernas correm e as bocas gritam, se dissipa na tarde de domingo levando há um ápice de calmaria que atinge a melancolia. Melancolia que produz uma cantiga de ninar um tanto quanto triste em que meus olhos se molham mas não cai nada. Ainda gosto muito de passar por lá, apesar de ter sido uma rotina durante um ano extremamente cansativo da minha vida. Nesse ano sempre que ia dormir em meu apartamento eu deitava com minha cabeça voltada para janela abria a cortina e olhava aquele céu claro, sem estrelas. Aquele movimento, aquele conglomerado de pessoas que moravam também naquela região faziam diminuir minha solidão, mas a falta que as estrelas me faziam depois de muito olhar para o céu, só era suprida no momento em que fechava meus olhos e entrava em transe pelos sonhos que tinha. Cidade de céu cinzento. Estranhava seus dias com céu azul, não era próprio dela. Aquele céu cinza trazia o mesmo sentimento que o da rua no domingo. Sentimento que cultivei, responsável por me trazer paz em momentos conturbados. Uma cidade de vida própria. Curitiba.

sábado, 6 de novembro de 2010

Conservação

De coração vazio todos têm nem que um pouco. Às vezes percebo minha solidão imensa quando olho para minha casa e só vejo gatos. Companheiros. Desço a escada, abro a geladeira só para dar um sentido a caminhada. Sento na cadeira e fico olhando o chão um pouco sujo. Olho em volta e caminho em direção ao meu quintal. Olho para o mato que tenho que cortar, meu gato aparece na minha frente bem nas minhas pernas e mia. Agrado um pouco e ele começa a ronronar. Sento no chão ainda agradando ele e olho para o nada, às vezes olho pro céu. Uma noite sem estrelas me traz medo. Continuo ali sentado até sentir frio e com fome. A neblina começou a ficar forte. Entro em minha casa e mais uma vez abro a geladeira. Não pego nada. Encho um copo d'água e subo para o meu quarto. Meu outro gato mia. Chamo-o para deitar comigo na cama de solteiro. Às vezes ele recusa e fica se lambendo. Fecho a porta do meu quarto e desligo a luz. Fica escuro. Abro a cortina para olhar o céu e só vejo aquele vapor gelado. Viro para um lado e para outro até que termine a noite. Tomo meu banho e desço as escadas em direção a minha cozinha. A água do chá ferve. Vou mais uma vez para fora e escuto aquele som da chuva caindo com aquela cor cinza deveras devoluta. Olho para meu relógio e vejo os ponteiros mexerem, não fazem tic-tac. Coloco uma música mas deixo seu volume baixo, não há necessidade de aumentá-lo. A chuva aumenta e caio em mim ao ver que já passaram das 19:30. O alarme do vizinho toca e não para, toca durante vários minutos, minha distração. Desço a escada, abro a geladeira mas não pego nada. A chuva diminuiu e só tem a garoa caindo. Pego meu copo com água e fico descalço no meu quintal. Olho para cima e mais uma vez uma noite sem estrelas, me arrepio. Meu estômago geme. Acho que esses lapsos são só criação da minha mente. Em todo o caso abro a geladeira, mas demoro tempo maior nessa ocasião. O que será que procuro com isso? Deve ser meu coração que não sinto bater faz muito tempo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Uma das facetas daquele sentimento

Sabe quando aquela dor aparece e não quer sumir?
Sabe quando você percebe sair do seu corpo por um instante?
Sabe quando o pulmão se enche e o pensamento desaparece?
Sabe quando o olhar fica vago sem nenhum norte?

Um sentimento um tanto sórdido e sagaz
Muitas vezes inebriante

Dor, deveria ser uma de suas derivações

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inevitável

O coração aperta, a cabeça sua
Olho partir, não digo nada
Cada passo é um batimento forte que se apaga
Queria chorar, mas não posso
Queria correr, mas não consigo

Quando vejo acontecer fico quieto, é melhor
Não sei se pra mim, se pra Deus
É melhor

Viro as costas e ando
Ando como se fosse normal
como se quisesse aquilo

Vai, entra no ônibus, carro...
Acredito que também não olha
como se quisesse aquilo