quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Céu (ou do extravasamento controlado)

Olhos quentes e vazios
Fundos e sem margens
lacrimosos e fechados

domingo, 24 de outubro de 2010

Lonely

olhos cansados, vermelhos
cheios

"Lonely eyes, lonely face..."

Toca o celular
'-Tudo bem?'
Tudo

Olho para livros
Televisões
Matérias

Não achei correspondência

Aquela lágrima presa no cílio
Sabe que não adianta cair
não terá chão
volta

o coração diminui
a respiração fica muda
e o sono vem

ela voltou para conseguir me cegar

tudo desfocado

Que preciso?
Dois ouvidos
Dois braços
Uma boca

Estático,
Subitamente percebo quatro paredes
não sei se me prendem
se me protegem

Olhos vazios
Olhos sem brilhos

Nada

"I still love you, I still love you lonely, lonely..."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Once upon a time

There was a time
when my eyes were closed that I listened the blues
and a tear ran in my face

There was a time
when my tea was about to be prepared
and I just aspired the weeds forgetting about the water

There was a time
that I danced in my house
and nothing else matter any more

There was a time
that I sang some sad song
and my memories were taken off me

There was a time
That the time had ended

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cai chuva
e mesmo assim pássaros cantam
não me ensinaram o que é isso

sábado, 16 de outubro de 2010

Minha vida

Simplesmente não sei o que dizer sobre as coisas da vida, eu sei que eu não gostaria de morrer sentado com a boca escancarada cheia de dentes. Não tenho o que falar sobre um caminho a seguir nem qual é o melhor chá para se comprar no mercado e escutar uma música. Queria poder dormir nas ruas sem medo de desaparecer de mim mesmo, sempre quando ando de madrugada pela cidade e vejo tudo vazio e quieto e as estrelas cintilando, eu me sinto dentro de minha casa. Sei que não gostaria de estar apático. Sei que gostaria de correr por todas as cidades desse mundo e nunca me cansar de conhecer pessoas. Gostaria de não enjoar das pessoas. Gostaria de não enjoar as pessoas. Gostaria de tomar chuva sem medo de ficar doente e preocupar minha mãe. Gostaria de me entorpecer sem medo de minhas reações. As únicas coisas que sei discorrer são sobre minhas vontades. Gostaria de chorar sem ninguém escutar e me aliviar com isso. Minha cabeça dói, não sei se pela ressaca ou se pelo medo. Tenho muitos medos. Dizem que me torno humano assim. O que eu não sabia é que eu não era humano antes. Não consigo extravasar meus sentimentos para as pessoas que eu amo, eu as vezes me canso delas. Não queria que elas se afastassem, queria corrigir algumas deformidades na minha alma. Me sinto morto. Adoro ver sorrisos, adoro sentir pessoas felizes dizendo "Acabou!", adoro amar meus amigos e minha família. Acho que o sentir morto é só uma maneira de eu fazer com que alguém perceba isso e venha me acariciar. Auto-piedade, sinto em mim e nos outros. Sentir morto é um drama para dizer que alguma coisa está errada quando não está. Me sinto vivo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um conto de um amigo

Sem ódio nem amor
Nem raiva nem carinho

Você deixou escorrer seu ouro liquefeito sobre meus olhos

Não escutou meu desespero

Apenas me acariciou
E me recompensou

Me calei

Você é minha dama
Sua luz é maravilhosa

Mas porque os outros não te enxergam dessa maneira?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Porta aberta, vamos entrando

Como é bom sentar ao sol
sentindo aquele calor que passa

Sempre lembro de meus momentos "fotossintetizantes"
quando saia daquele turbilhão de informação
e pressão
e angústia
e pressa
Eram gostosos,
sentindo aquele calor que passa

Podia respirar
olhar pro céu
Interiorizar
Até que alguém ou algo
Me tirasse de minha letargia

Era bom

Lembro também de quando sentava na praça
E simplesmente recebia aquela luz boa de se cegar
Fechava os olhos
Jogava o corpo para trás
e esquecia

É bom

Quando sento no quintal de minha casa
e vejo as nuvens marchando e dançando
Sob aquele manto

Mas gosto mais quando tenho companhia pra sentar ao meu lado
e apreciar o silêncio
esquecendo a agitação que vivemos

O abrir da consciência

É. É isso que é bom.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Do tempo e as quatro estações

Meu chá esfriou em cima do meu criado mudo
enquanto estava perdido na floresta da minha janela

Minha barba está grande
Meu hálito horrível
Meus olhos grudentos
Meu corpo pútrido

Estou sentado com minha cabeça despencada em meus braços
Na completa escuridão

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Meus olhos estão afundados
Tentando entrar no meu corpo
Para achar

Não sei o que procuram

Sei que não conseguem

Há muito fugi da luz
Há muito que não sinto
Há muito que sequei meus rios

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Certo dia enquanto caminhava
Ouvi uma voz.
Era minha mãe
Procurei-a com o afinco que todos os filhos fazem
Chamei-a, mas não houve resposta

Então lembrei que há muito ela morreu

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Meus devaneios começaram aos meus seis anos
O que era real mostrou-se mentira
A ilusão se tornou verdade

Quando cerrava meus olhos
Gritos e chuvas inundavam meus ouvidos e meus olhos
Queria simplesmente esquecer, entrar em transe, fugir.

Por isso há muito desmaio

Já não choro
Já não grito
Já não durmo
Já não bebo

Não danço
Não canto
Não rio
Não morro

Nada


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O que os olhos vêem
as vezes é a ilusão daquilo que deveria ser