domingo, 14 de novembro de 2010

Falei que ia contar sobre uma cidade. Cidade bonita e grande. Lembro de minha infância quando tinha que passar uns dias para rever uns tios, irmãos de meu pai, eu sempre pedia que passássemos na rua dos chorões, como eu a chamava. Lá têm alguns poucos salgueiros-chorões durante uns quatro ou cinco quarteirões, mas lembro que me imaginava em uma floresta cheia deles na qual eu ficava num descampado sentado somente observando aquelas árvores que me emudeciam. Nessa rua parece que todo o calor dos dias de semana onde os carros buzinam, as pernas correm e as bocas gritam, se dissipa na tarde de domingo levando há um ápice de calmaria que atinge a melancolia. Melancolia que produz uma cantiga de ninar um tanto quanto triste em que meus olhos se molham mas não cai nada. Ainda gosto muito de passar por lá, apesar de ter sido uma rotina durante um ano extremamente cansativo da minha vida. Nesse ano sempre que ia dormir em meu apartamento eu deitava com minha cabeça voltada para janela abria a cortina e olhava aquele céu claro, sem estrelas. Aquele movimento, aquele conglomerado de pessoas que moravam também naquela região faziam diminuir minha solidão, mas a falta que as estrelas me faziam depois de muito olhar para o céu, só era suprida no momento em que fechava meus olhos e entrava em transe pelos sonhos que tinha. Cidade de céu cinzento. Estranhava seus dias com céu azul, não era próprio dela. Aquele céu cinza trazia o mesmo sentimento que o da rua no domingo. Sentimento que cultivei, responsável por me trazer paz em momentos conturbados. Uma cidade de vida própria. Curitiba.

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