sábado, 16 de abril de 2011

Um coraçäo inquieto não esquece o velho blues que um dia encheu a noite solitária do velho sem voz. Com aquelas pesadas lágrimas no olhar a mão tremia tentando alcançar aquele porta retrato onde em algum dia estava sol. Aquelas lágrimas mudas caem sem ninguém perceber seu significado ou sua profundidade. Ele levanta seus olhos para sua estante empoeirada e com muita dificuldade mexe seu corpo em direção à sua velha vitrola. Exita por um momento, mas então coloca para girar seu velho disco de valsas. Ele tenta com esforço colossal ritmar seus passos como fazia quando era domingo ensolarado e abraçava sua esposa na cozinha de sua casa. A cozinha está do jeito que sempre ela deixava depois de enrugar suas mãos, mas falta uma peça importante para completar todos os apetrechos de uma cozinha, ele não sabe ao certo o que. Sua mão escorrega pela porta, de tåo calejada nåo sente a farpa que entrou na junta do seu dedo do meio, a única coisa de que é capaz de sentir é o vazio que as camas de solteiro de sua casa deixam. Suas lágrimas fazem com que ele pare de andar, o quarto com os papeis de parede rasgados, que um dia percebe-se que foram rosa, é o mais difícil dele enfrentar. Sua cabeça não quer mas seu coração faz com que seus braços alcancem aquela boneca de porcelana de cabelos cacheados que estava no chão. Ele a abraça mas dessa vez para de correr aquele rio sazonal. "Hush little baby don`t say a word, papa is gonna buy you...", foi o que cantou com o resto da voz grave que um dia gargalhava com coração alegre.

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